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Viajar e ConViver

A ideia era se inspirar em belas paisagens visando o paisagismo da Vila ConViver. Essa foi a proposta da Comissão de Eventos, que organizou um passeio pelos parques de Campos do Jordão e Santo Antônio do Pinhal, no final de maio. Ainda com temperaturas agradáveis, logo se formou um animado grupo de 18 associados, para dois dias de intensa programação.

O exuberante Parque Amantikir com seus belos jardins, garantiu boa dose de inspiração ao grupo, que ainda visitou a fazenda do premiado azeite Sabiá, na serra da Mantiqueira. A chuva atrapalhou o programa ao Eco Parque Jardim dos Pinhais, que não pode ser visitado, mas não impediu a diversão dos viajantes, que puderam aproveitar também as delícias dos famosos chocolates fabricados na região.

E para sentir o clima de descontração do grupo, vamos ao engraçado relato de Zula, que acaba de se revelar uma piadista:

“Hora da volta. Chuva, neblina, trânsito, velocidade mínima... Nada parecido com os outros trajetos anteriores: o falatório ininterrupto de todo mundo com todo mundo, os causos, as trocas pra lá e pra cá de delícias como palitinhos de queijo, bolachinhas, recheadas, e tal. Todos pondo em prática o “espírito comunitário” com a circulação das guloseimas. A volta de Sto Antônio foi, pois, inicialmente envolvida por um silêncio inusitado, que abafava sutilmente o ruído do motor com o ressonar nada sutil de almas cansadas de tanta intensidade causada pelo investimento em falar, ouvir, beber, comer, dar risada e sabe-se lá o que mais. Na primeira parada (“primeira” porque precisa de mais de uma em uma viagem de 3 horas, considerando a idade média das bexigas, né?) todo mundo desceu com cara de “o quê?”, “onde?”, “pra que lado?” Logo todos fomos despertados pela sedução da placa indicativa de “Sanitários”, pelo cheiro de comida, pela multidão colorida despejada pelos ônibus que voltavam de Aparecida do Norte, pelo balcão do cafezinho e pelos magníficos pães tradicionais do “Frango Assado”.

Atendendo ao chamado dos meus pezinhos, que lá dentro das botas sonhavam com o “Crocs” que os esperava lá em casa, fui das primeiras a retornar para nosso transporte. Vi em seguida chegar um dos nossos, sempre presente mas mais quietinho, que viajava lá no fundão; não pude deixar de observar o cuidado com que ele trazia no colo, como se fosse um bebê, um pacote daquele pão enorme e fofinho, provavelmente até quentinho. E foram chegando os outros, cada um com sua própria cara, o que denotava um despertamento geral – ...que durou pouco.

Seguimos. Algumas frases de conversas eram audíveis, de outras só aparecia o sussurro, de vez em quando alguém no meio do escuro interagia com uma frase ouvida de uma conversa que ninguém sabia como começara ou quem estava falando, ou respondia uma pergunta que se sobressaía no zumzumbizzzzzbuzzzz sem se preocupar a quem fora dirigida, ou se era meramente retórica, etc, etc, A gente sabe como é. Alguns logo voltaram ao estado letárgico do começo da viagem. Também pudera.... dois dias de intenso recreio....

Não lembro como foi, talvez alguém tenha comentado que iríamos fazer ainda uma outra parada bem mais adiante e outro alguém falou ficava feliz porque já queria fazer xixi de novo, e outro disse que estava com fome, e eu, muito cortês (com o chapéu alheio) falei: “Tem um pão por aí, gente, por fome nem precisamos parar”. Antes que eu terminasse toda a frase veio lá do fundo do escuro uma voz firme de macho Alfa que não permitia contestação: “E´ MEU!”. Foi um impacto.... Por uns segundos olhos arregalados procuravam no escuro o tal “espírito comunitário” ... até que as risadas acordaram!

[Ninguém mais dormiu. Desconfio que todos se sentiram comunitariamente auto perdoados pelos seus precio$o$ azeite$ e chocolate$ reservados sem alarde em suas sacolas.]”

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